quinta-feira, 21 de abril de 2011

LIMITES DO ACONSELHAMENTO PASTORAL

O aconselhamento pastoral não é perfeito, nem ilimitado, pois esbarra em vários tipos de problemas. Embora o conselheiro cristão tenha acesso a elementos espirituais e transcendentais vinculados à experiência de Deus, também tem diante de si limitações vinculadas á finitude da condição humana. O pastor não é Deus, nem semi-deus, mas um homem sujeito ás mesmas condições de todos os outros. O aconselhamento pastoral, portanto, embora fundamentado na Bíblia, a Palavra de Deus, e auxiliado pelo Espírito Santo, Deus presente em nós, não é marcado por técnicas perfeitas e infalíveis, mas dependentes de inúmeras variáveis e de vários fatores.

Eis, a seguir, alguns limites do aconselhamento pastoral:

O primeiro tipo de limite do aconselhamento pastoral é o técnico-metodológico. Há uma tendência de auto-suficiência por parte dos pastores ao verem na Bíblia a única fonte de informação capaz de ajudar pessoas em suas crises. O resultado disso é a aversão à Psicologia e o abandono de seu apoio. Sem dúvida, as ciências podem contribuir e muito com o labor ministerial, seja na pregação, com os diversos recursos na área da comunicação, seja na administração, com modelos administrativos modernos, seja no aconselhamento, através de técnicas psicológicas e de apoio interpessoal. Deve o pastor, então, buscar o conhecimento da Psicologia, bem como, encaminhar seus aconselhandos aos psicoterapeutas profissionais quando achar conveniente e necessário.

Outro tipo de limite é o estrutural, como por exemplo, o ligado ao local e ao horário dos atendimentos. Na maioria das igrejas não há um local ideal para que o pastor possa aconselhar suas ovelhas. Normalmente isso é feito no gabinete pastoral, sem a devida privacidade, fazendo com que a conversa seja facilmente ouvida na ante-sala por outras pessoas. Os horários também não são normatizados, fazendo com algumas pessoas passem a tarde em conversa com o pastor e outras apenas poucos minutos. Isso, sem falar na sobrecarga de trabalho pastoral que, além de aconselhar, tem que administrar, pregar, ensinar, visitar, etc., impedindo o conselheiro cristão de se preparar para atender cada pessoal em especial.

Existem, também, os limites do conselheiro. O primeiro deles é o despreparo. É comum que a carga horária de disciplinas estudadas nos seminários na área pastoral seja baixa, não sendo acompanhada de estágio específico na área do aconselhamento. O resultado disso é o despreparo do conselheiro que se vê em apuros na tarefa de orientar pessoas diante de seus dilemas. O segundo é a vulnerabilidade do pastor, que também tem suas necessidades, seus dilemas, seus problemas e limitações, que nem sempre são tratados e trabalhados, tornando-se portas abertas para fracassos, especialmente, quando ligados a áreas da sexualidade, das finanças e do poder. Um tipo muito específico de vulnerabilidade do conselheiro é aquele que Freud chamou de contra-transferência, isto é, quando o conselheiro tenta resolver seus problemas pessoais no acompanhamento de um determinado aconselhando, ao invés de focar nos problemas daquele. Tal prática pode ser desastrosa!

Existem ainda, os limites do aconselhando. São eles: resistência e indisposição de ajudar no processo do aconselhamento e a manipulação do conselheiro pelo aconselhando. O primeiro pode ser consciente ou inconsciente, limitando acentuadamente os processos de cura, libertação e superação, levando o conselheiro a se sentir fracassado. O segundo é a ação do aconselhando de manipular o conselheiro inexperiente, principalmente, quando já é um “doutor”, acostumado a manipular as pessoas mais próximas, como pais, irmãos, cônjuges etc. Nesse caso, o conselheiro pode se tornar uma marionete nas mãos do aconselhando, impedindo seu tratamento, e, consequentemente, sua cura.

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