segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bênção e Promessa no Antigo Testamento

No livro Teologia do Antigo Testamento, o teólogo Smith, após apresentar dez métodos de se fazer tal Teologia, afirma que provavelmente o melhor método para trabalhar esta disciplina seja um “modelo sistemático modificado”, ou seja, uma variante do Método Dogmático-Didático defendido por Köhler, que aborda o Antigo Testamento através de categorias sistemáticas, como soteriologia, hamartologia, antropologia, etc. Além disso, defende que uma boa opção para seus leitores, seria sintetizar os dez métodos, vendo a Teologia do Antigo Testamento por vários ângulos, problemas e referenciais. De certa maneira, é assim que ele mesmo constrói sua Teologia do Antigo testamento, de forma multifacetada, se propondo a aprofundar determinados temas às vezes superficiais em outras leituras.

Segundo Smith, o tema da bênção permeia todo o Antigo Testamento, especialmente o livro de Gênesis, onde geralmente se contrapõe ao tema da maldição. Entretanto, a idéia de bênção como a provisão divina contínua de cuidado pelo mundo muda nas histórias patriarcais (Gn 12-36), sendo aliada à idéia de promessa, a promessa feita a Abraão. Para o autor, “Gênesis 12 junta duas idéias teológicas diferentes: bênção e promessa. Uma (promessa) faz da salvação, o ato libertador de Deus, o centro; a outra faz da bênção constante de Deus o centro. Desse ponto em diante, a promessa de bênção é incluída na história da promessa." O que é notório no pensamento smithiano é que a união destes dois temas apresenta uma idéia maior e mais globalizante que atinge a vida humana não apenas numa dimensão material (bênção), mas também numa perspectiva espiritual (promessa-salvação).

Segundo o autor, o Deus que salva é o mesmo que abençoa, concedendo fertilidade às pessoas, ao campo e ao rebanho, sendo que o poder da bênção é o de proteger, garantir e defender o seu povo. Para os judeus a obediência era o caminho para a bênção e o culto era um lugar em que a bênção de Deus podia ser transmitida às pessoas pelos sacerdotes.

Por fim, Smith argumenta que a Paz (shãlôm) tornou-se a bênção mais conhecida e a saudação judaica mais comum, sendo muito mais do que a ausência de discórdia ou de guerras, expressando a idéia de bem-estar positivo e a segurança daquele "cuja mente está firme em ti [Deus]" (Is 26.3). Shãlôm pode tanto indicar o cessar de conflitos, como também saúde física e mental.

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