quinta-feira, 22 de abril de 2010

BUSCANDO EQUILÍBRIO ENTRE RAZÃO E EMOÇÃO

* Baseado em: I CO 14:15-20.

No texto paulino, a apóstolo está orientando os coríntios quanto à prática do culto cristão. Parece que a experiência dos coríntios nesta área era muito tumultuada, enfrentado problemas ligados à desordem (I Co 14:40). O problema litúrgico enfrentado alí girava em torno da relação indivíduo e coletividade: os dons são dados por Deus a indivíduos, mas são dados para a edificação da Igreja, o que os faz atingir o âmbito da coletividade. A questão é: como relacionar dons individuais e experiências coletivas, sem que isto provoque desordem ?

É dentro desse contexto, que outra questão importante originada pela primeira é abordada: a relação entre emoções e razão, sentimentos e inteligência na prática dos dons, inclusive nos cultos. No verso 15 Paulo fala de duas atitudes ligadas ao culto e, mais especificamente, à adoração: são elas a oração e o canto. Aquí entra a questão do equilíbrio, pois ao que tudo indica, naquela igreja havia uma ênfase sobre o sentimento (chamado aquí de espiritualidade), enquanto o apóstolo conclama a Igreja a agir também com razão. No verso 19, ele fala que o entendimento provoca a instrução e, consequentemente, a edificação do corpo de Cristo. No verso 20, o autor diz que os cristãos não deveriam ser meninos no entendimento.

O que Paulo fez no texto foi convidar a Igreja em Corinto a assumir uma atitude equilibrada em sua liturgia, onde houvesse emoção, mas também existisse uma atitude mais racional, em busca de entendimento e compreensão das questões de fé.

Em um artigo recente, o teólogo brasileiro Rubem Alves afirmou, como se fosse um desbafo, que gostaria que os cultos voltassem a ser celebrados em latim, como eram as missas até bem pouco tempo atrás. Diz ainda que as músicas no culto deveriam ser como os velhos cantochões, também cantados em latim. Assim ninguém entenderia nada! Afinal de contas, diz ele, "o culto não é para ser entendido, é para ser experimentado", e Deus não é para ser compreendido, Ele existe para se desenvolver uma relação pessoal com Ele!

O pensamento de Rubem Alves é fruto de uma tendência irracionalista ligada à filosofia e à teologia na atualidade. É também uma espécie de agnosticismo. Percebam que Paulo pensava diametralmente oposto a essa tendência. No seu entendimento, o homem poderia ter experiências emocionais, mas ele precisaria do entendimento das coisas, afinal ele é um ser racional. Na verdade, há lugar para a experiência pessoal com Deus no culto, há lugar para a emoção, pois afinal nos emocionamos diante da face de Deus e diante de sua obras. Entretanto, não podemos abrir mão e eliminar de nossas liturgias a necessidade de compreensão das coisas, da atitude racional, pois é dela que advém o crescimento e a maturidade na vida cristã.

Assim, a música como elemento do culto, precisa ser realizada com sentimento, com emoção (espiritualidade), mas precisa também de técnica, de planejamento, de administração, de estudo, de inteligência, que pressupoem uma atitude intelectual do homem. Se buscarmos louvar, procurando o equilíbrio entre espírito e entendimento, entre emoção e razão, promoveremos além da adoração, a instrução e a edificação do povo de Deus! Por que fazer o que é bom, se é posssível fazer o melhor? Optemos pela excelência!

Pr. Diogo Souza Magalhães

Nenhum comentário:

Postar um comentário