quinta-feira, 22 de abril de 2010

QUANDO O AMOR SE TORNA SECUNDÁRIO

Tanto na mensagem de Jesus, quanto na proclamação dos apóstolos, o amor ocupa um lugar central. Ele é sempre apontado como a virtude suprema, ligada à perfeição de atitudes e ao próprio caráter de Deus. Em diversas passagens dos textos paulinos o apóstolo fala acerca da “tríade das virtudes cristãs”: a fé, a esperança e o amor. Entretanto, diz ele: “estes três, mas o maior destes é o amor”(I CO 13:13b). Nossa reflexão aqui é: o que pode acontecer na vida cristã e na igreja cristã, quando o amor que é primordial, se torna secundário ?

A primeira consequência desastrosa é a de o cristão desenvolver deformações no conteúdo e prática da sua fé. Em Gálatas 5:6, o apóstolo diz: “o que importa é a fé que age por meio do amor” . Fé sem amor, é uma elocubração, uma irrealidade. Em I CO 13:2, Paulo diz: (poderia)... ter a fé necessária para tirar as montanhas dos seus lugares, mas se não tivesse amor, eu nada seria.” Todas as atitudes de fé desacompanhadas do amor são imperfeitas e ineficazes. Em nome da fé atitudes desastrosas podem ser cometidas e uma certa omissão e alienação cristãs podem ser desenvolvidas.

O segundo efeito da ênfase secundária do amor é o desenvolvimento de um “divisionismo esquisofrênico” nas relações humanas. Em Jo 17:23 Jesus ora ao Pai, dizendo: “... Para que eles sejam completamente unidos, a fim de que o mundo creia que me enviaste...”. O amor é o vínculo que une as pessoas e a unidade é uma marca do verdadeiro Cristianismo. As divisões, os partidos, as crises de relacionamento são um péssimo indício, pois apontam para a falta de amor verdadeiro nas relações. As vezes atitudes mínimas têm provocado a quebra da comunhão entre irmãos. Falta amor é evidência de decadência cristã. Isso é uma lástima !

O terceiro resultado de o amor se tornar secudário é que o cristão acaba por demonstrar uma possível crueldade em nome da fé. Em Romanos 3:10, Paulo afirma: “quem tem amor não faz mal aos outros”. Como explicar então, as atitudes violentas, as brigas, as crises, as guerras produzidas em nome da “fé” ? Guerras Santas” foram realizadas, Inquisições com suas fogueiras aconteceram, “Aparthaids” e segregações em nome de determinada fé foram praticados. Havia fé... Mas faltava amor ! Fundamentalismo, intolerância, radicalismo, são tendências de uma espiritualidade em que o amor está em segundo plano.

O amor precisa ocupar o lugar que lhe cabe na vida do cristão e na experiência da Igreja Cristã. Precisa estar em destaque, porque é a grande marca distintiva cristã. Para tanto, é preciso praticá-lo na mesma medida em que se fala dele. Assim, será possível construir relacionamentos mais profundos, duradouros, consistentes, equilibrados, maduros. “As meninices”, os comportamentos individualistas e as idiossincrasias ficarão para trás, como coisas do passado, pois o cristão estará em busca da sublimidade, mesmo em meio às contradições da existência.

Pr. Diogo Magalhães

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