quinta-feira, 22 de abril de 2010

CRISTIANISMO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Somos Alienados, Alienígenas ou Engajados?

Alienação é a atitude daquele que abre mão dos seus direitos e responsabilidades em detrimento de outrem. É também o desconhecimento dessa condição. Foi baseado nisso que Karl Marx criticou a religião, afirmando ser esta alienante. Ele disse: “a religião é o ópio do povo”, ou seja, é um narcotizante que afasta o homem de sua responsabilidade social por apontar para um outro mundo. Estaria o filósofo alemão certo? Como responder a esta questão?

Muitos responderiam a Karl Marx: “não somos alienados, a questão é que somos de outro ‘mundo’!”. Em outras palavras, muitos acham que não são alienados, mas se consideram alienígenas. Mas, será que o cristão é realmente alienígena? Em Jo 17:15-18 Jesus afirma que não somos do mundo (sistema separado de Deus e marcado pelo pecado), mas fomos enviados a ele com uma missão (sua transformação – ver Mt 5:13-16). Isso quer dizer que temos uma responsabilidade para com o mundo ao nosso redor.

Houve vários momentos na história em que o Cristianismo experimentou a responsabilidade social como sendo parte da Missão da Igreja Cristã neste mundo, engajado-se nas questões sociais. A Igreja Primitiva no Século I (At 2:42-47; 4:32-37 e cap 6) foi exemplo ao entender que assistência e ação social faziam parte da ação da Igreja. O Cristianismo Primitivo nos Séculos II e III foi perseguido por não concordar com a idolatria (por exemplo, o culto a César), com a escravidão comum no mundo romano, com os negócios escusos, com a imoralidade, com a mercantilização da fé. Os Anabatistas no século XVI buscaram uma reforma não somente religiosa, mas também social, numa Europa marcada pela opressão e pelas desigualdades sociais. Os Pietistas Ingleses (Metodistas) desenvolveram um forte trabalho de ação social no contexto da Revolução Industrial na Inglaterra. As Igrejas Evangélicas Norte-Americanas exerceram grande influência sobre a sociedade, as leis e os costumes durante os chamados “Grandes Avivamentos”, nos Séculos XVIII e XIX.

Precisamos, então, repensar a missão da igreja, para compreendermos que ela não pode ser demasiadamente espiritualizada. Ir por todo o mundo, anunciar o Evangelho e fazer discípulos de todas as nações passa pela necessidade de socorrer os pobres, os pequeninos e os oprimidos. Isso também é tarefa nossa! Portanto, quando ouvir a crítica marxista da religião, não responda: “responsabilidade social não é tarefa nossa, pois somos de outro mundo!”. Diga, ao contrário: “como cristãos estamos engajados no projeto de Deus para transformar o mundo!”.

Pr. Diogo Magalhães

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