quinta-feira, 22 de abril de 2010

EDUCADORES: EUCALIPTOS OU JEQUITIBÁS?

Todos nós reconhecemos a importância do papel da educação em nossa sociedade, apesar dela não ser valorizada adequadamente. O que dizer do educador, então? O educador é uma pessoa que possui papel fundamental na estrutura social contemporânea.

No livro “Conversas com quem Gosta de Ensinar”, Rubem Alves, educador brasileiro, diferencia educador de professor. Segundo ele, educador é uma espécie em extinção, enquanto professores existem muitos. O educador é aquela pessoa que é formada através dos anos e que possui um compromisso com o aprendizado da vida e com o ensino desse aprendizado. Está preocupado com as pessoas, com a sua interioridade, com a formação de valores. Educador é aquele que dá de si aos outros através das palavras, instrumentos que são extensões do seu próprio corpo. Professores, por outro lado, são os técnicos e profissionais em educação, preocupados com instituições e conteúdos, e não com pessoas. Afirma Alves que o professor é “uma entidade gerenciada, administrada segundo a suas excelência funcional, excelência essa que é sempre julgada a partir dos interesses do sistema” (R. Alves, Conversas com quem Gosta de Ensinar, p.19).

Para ilustrar tal realidade R. Alves compara o educador e o professor com os Jequitibás e Eucaliptos, respectivamente. Jequitibás são árvores centenárias existentes no meio das florestas, com raízes profundas, que buscam sua seiva na profundidade da terra. Possuem, também copas frondosas, onde pássaros e outros animais se aninham. Eucaliptos, por outro lado, são árvores plantadas em série pelo homem, geralmente em fileiras e que em poucos anos atingem o tamanho para serem usadas. Existem para cumprir uma função: serem cortadas e transformadas em papel. Com raízes pequenas e copa com poucas folhas, não são tão atrativas para os animais silvestres.

Essas figuras são interessantes para se falar do educador, pois ressaltam valores muitas vezes esquecidos. Por isso, numa sociedade tecnicista, imediatista, desumanizadora, alienante e mercantilista, torna-se necessário resgatar a figura do educador, aquele mentor capaz de fazer uma leitura de mundo, esboçar uma contracultura e preparar pessoas para um novo mundo. E isso vale também para a Educação Cristã! Temos sido como “Eucaliptos” ou como “Jequitibás”?

Pr. Diogo Magalhães

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