quinta-feira, 22 de abril de 2010

DO QUIETISMO À “AERÓBICA CRISTÔ

No decorrer da história cristã muitas foram as formas de cultuar Deus. Algumas práticas de culto foram formais e outras informais, umas foram mais individualistas e outras coletivistas, algumas mais passivas e outras mais ativas.

O Quietismo, por exemplo, foi um movimento religioso cristão iniciado no século XVIII, que tinha como principal característica a crença de que para o homem cultuar Deus, ouvir a sua voz e ter a vida transformada pelo seu poder era necessário que estivesse totalmente inerte, estático, quieto e calado. Para estar com Deus, acreditava-se, era preciso estar em total estado de contemplação. Tal movimento atingiu quase toda a Europa, se desenvolvendo sempre como reação ao modelo de Cristianismo “ex opere operatum”, que buscava o contato com Deus através do cumprimento de determinados ritos e atos meramente externos.

Muitas formas diferentes de culto a Deus existiram antes e depois do Quietismo. Hoje vemos acontecer uma proposta oposta à daquele movimento, onde o culto é marcado por grande movimentação e agitação, que conduz as pessoas a uma espécie de catarse coletiva. Apesar de não ter criado tal tendência, que já existe há pelo menos 30 anos em alguns grupos pentecostais e neo-pentecostais, o grande difundidor dessa “aeróbica cristã” é o chamado Padre Marcelo. Ele, ajudado pela mídia, tem promovido a disseminação desse modelo litúrgico, se é que podemos chamá-lo assim. Tal modelo sofre influências de teorias psicológicas e holísticas, que têm como objetivo ajudar as pessoas a lidarem com seus problemas pessoais, angústias, etc. O que se questiona aqui é se Deus é realmente o centro desse tipo de culto, se a intenção é atingir as causas ou os sintomas daquilo que afeta o homem e se o remédio proposto é curativo ou meramente paliativo.

Na verdade todo extremo é perigoso. O Quietismo e seu extremo de inatividade trouxe consequências negativas sobre a vida da igreja, assim como a tal “aeróbica cristã” tem feito hoje em dia, com seu ativismo litúrgico. O que precisa ficar ressaltado em tudo isso é que a verdadeira experiência com Deus tem o Senhor como centro, é marcada pela confrontação do homem consigo mesmo e com a sua realidade, apontando sempre para a transformação, apresentando ao homem um projeto a ser desenvolvido (ver Isaías 6:1-9). É preciso resgatar a verdadeira experiência religiosa e não dar lugar à religiosidade sintomática e paliativa!

Pr. Diogo Magalhães

Um comentário:

  1. Rubens, também me indigna perceber que a "Cultura Pop" tomou conta de nossas liturgias sem a menor crítica por parte de nossas instituições. Isso realmente facilita o surgimento e manutenção de lideranças personalistas mais preocupadas com a auto-projeção do que com o anúncio de Cristo. Creio que falta mais leitura da Palavra e mais leitura de mundo para que haja mais discernimento e menos menice em nossos "arraiais". Obrigado pelo comentário!

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