quinta-feira, 22 de abril de 2010

EVITANDO A RELIGIOSIDADE NARCISISTA

Em Mt 6:1-4, Jesus ensina a necessidade do desenvolvimento de uma religiosidade que não vise a centralidade do eu, nem o reconhecimento dos homens, mas a glória e reconhecimento do Senhor. Parece haver contradição no ensino do Mestre, pois no capítulo 5 de Mateus ele fala que a luz do cristão deve brilhar entre os homens
(5:16), e agora não incentiva a prática da justiça na presença dos homens (6:1). Na verdade, o que Jesus reprova é a intenção negativa de se buscar a aprovação e o reconhecimento dos outros através das boas obras.

É por isso que Jesus repudia a religião permeada de egocentrismo e narcisismo ao falar sobre a prática das esmolas, orações e jejum (Mt6:1-12). Ele não recrimina tais práticas comuns à piedade judaica, mas o seu desvio. Conclama, então, os ouvintes a terem alguns cuidados na prática da misericórdia para com os menos favorecidos.

A primeira observação de Jesus é que não se deve “tocar trombetas” em busca da glória dos homens (6.2). Jesus ridiculariza a postura do fariseu, que fazia questão de evidenciar a todos que ia ao templo dar esmolas aos pobres. É como se uma “banda” fosse à frente daquele homem avisando a todos a sua intenção! Tal atitude, entretanto, é muito comum na atualidade, quando políticos, artistas e atletas convidam a mídia para divulgar suas “boas obras”. É uma questão de marketing pessoal. Mas, beneficência não é para marketing pessoal, institucional ou eclesiástico. O bem deve ser feito para o proveito do outro e para a glória de Deus!

A segunda, é de que não se deve valorizar em demasia, para si mesmo, o que foi feito a outrem (6:3). É como se Jesus quisesse dizer que não se deve ter consciência do bem realizado. Mas, na verdade, o que está afirmando é que não se deve fazer beneficência pensando no reconhecimento de si mesmo. Há pessoas que, ao fazerem o bem, pensam de si que são “legais”, são “boazinhas”, sensíveis e piedosas. Gloriam-se e orgulham-se em si mesmas. Esse não é o objetivo da beneficência, pois a “mãos esquerda não deve saber o que a direita fez”!

Por fim, Jesus ensina que Deus deve ser a única testemunha do bem que alguém faz
(6:4). É para a glória dÊle que a beneficência é feita! É em busca do reconhecimento dÊle que deve ser almejada! Tudo o que passar disso é religiosidade narcisista!

Infelizmente, é possível transformar um ato de misericórdia e amor em um ato de pura vaidade pessoal! Mas, entre os servos de Jesus não deve ser assim!


Pr. Diogo Magalhães

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