quinta-feira, 22 de abril de 2010

HAGAR, UMA MULHER (APARENTEMENTE) SEM IMPORTÂNCIA

(Por Ocasião do Dia internacional da Mulher)

Hagar foi uma mulher egípcia que viveu durante o período da história patriarcal de Israel. Foi uma espécie de concubina de Abraão, tendo com ele um filho chamado Ismael, considerado o “Pai dos Povos Árabes”. Seu nome aparece poucas vezes na Bíblia, principalmente, quando comparamos com o aparecimento de nomes como os de Eva, Sara, Rebeca, Raabe, Ester, Maria, etc. Mesmo nas igrejas da atualidade pouco se fala sobre Hagar, pois se prefere falar, por exemplo, sobre Sara ou Maria, mulheres talvez mais prendadas e piedosas.

A verdade é que Hagar, apesar de significante, foi uma pessoa tida como sem importância. Primeiro, por ser mulher. Ser mulher na antiguidade não era fácil! A Mulher era considerada um objeto, uma coisa, geralmente possuindo poucos direitos e privilégios. Percebam que no Decálogo, ela está em pé de igualdade com casas, cavalos e outros bens que um homem pudesse possuir. Segundo, por ser uma estrangeira, uma egípcia. Abraão e sua descendência eram caldeus, da região da Mesopotâmia, enquanto que Hagar era do norte da África. Um estrangeiro nunca era considerado da mesma maneira que um conterrâneo. Terceiro, por ser uma escrava, uma serva. Era esta uma situação ainda mais difícil do que a de uma mulher comum, pois se esta já não significava muito naquele contexto, uma serva não significava nada. Quarto, por ser uma concubina. O concubinato, embora fosse permitido, não dava à concubina os mesmos direitos de esposa.

Como é difícil não significar nada para ninguém! Como foi difícil para Hagar se sentir usada por Abraão, a fim de gerar um filho! Que terrível foi ser usada por Sara para que as cobranças sobre a sua maternidade diminuíssem! Talvez isso explique a atitude da mãe de Ismael ao desprezar Sara, após ter concebido o filho de Abraão. Sara, por sua vez, reagiu a tal atitude confrontando Abraão e maltratando Hagar, que fugiu para o deserto, provavelmente, por não ter a quem buscar para ajudá-la nessa situação. Cerca de quatorze anos depois, Sara concebeu de Abraão e nasceu Isaque. Ismael, que já era um adolescente, zombou de Isaque e de Sara e a conseqüência foi o banimento de Hagar e seu filho para o deserto, a pedido de Sara e a mando de Abraão. A concubina de Abraão estava assim desamparada. Enquanto necessitavam dela, a mantiveram junto aos parentes de Abraão, mas depois que Isaque nasceu, Hagar já não era importante. Vê-se isso até na atitude de Abraão, que segundo o texto, se entristeceu apenas por causa da partida de Ismael.

Mas foi exatamente nos dois momentos mais difíceis e cruciais de sua vida, de maior insignificância, em que se sentiu totalmente abandonada e sem valor, que Hagar teve duas experiências importantíssimas. A primeira, quando fugiu de Sara, ao lhe aparecer o anjo do Senhor. Este pôde orientá-la, diante da falta de referenciais, e depois a abençoou e à sua descendência. Segundo, quando foi banida por Abraão, no momento que estava no deserto sem água e sem esperança de vida para si e para o seu filho. Ali novamente o anjo lhe apareceu, lhe confortou, abriu os seus olhos e supriu a necessidade de água. Nessas experiências, Hagar reconheceu que Deus via as suas necessidades e ouvia os seus lamentos. Ela sabia que não estava só e que possuía valor para o Senhor.

Apesar de, aparentemente, não significar nada para os homens, Hagar significava muito para Deus. Por isso Ele cuidou dela e a abençoou, viu a sua situação de vida, ouviu os seus clamores e os respondeu. Assim também é com cada pessoa. Mesmo que alguém sinta que nada significa para os outros, tais como marido, filhos, parentes ou para a sociedade em geral, o que é uma sensação enganosa, na verdade para Deus todos têm um grande valor! Todos somos importantes para Deus, sejam homens ou mulheres, reconhecidos ou não, valorizados ou não, importantes ou aparentemente insignificantes!

* Baseado nos seguintes textos: Gen. 15:5; 16:1-16; 17:15-22; 21:1-21.

Pr. Diogo Souza Magalhães

Nenhum comentário:

Postar um comentário