sexta-feira, 6 de agosto de 2010

APRENDENDO COM OS ERROS DO PASSADO

Tanto no Judaísmo, quanto no Cristianismo, a história tem papel fundamental, pois o ato de rememorar é formador de consciência e de identidade. Dois elementos centrais do culto e da doutrina dessas religiões estão vinculados à sua história: a Páscoa no Judaísmo, que é o relembrar da libertação do povo judeu do cativeiro no Egito, e a Ceia do Senhor no Cristianismo, que é o rememorar da morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, fatos que trazem vida e salvação a todo aquele que crê. Tais práticas, a Páscoa e a Ceia do Senhor, apontam para vivências históricas que trazem consciência e ajudam a formar a identidade de ambos os povos.

Além de conscientizar e formar identidades, o conhecimento histórico possibilita um olhar crítico sobre a realidade presente, ajudando a corrigir equívocos e possibilitar acertos. O texto encontrado em I Coríntios 10:1-13, por exemplo, é bastante elucidativo quanto a este aspecto. Nele, encontramos o apóstolo Paulo exortando a Igreja da cidade de Corinto, na Grécia, a não cometer os erros que o povo de Israel cometeu no passado. Paulo os orienta a não se tornarem idólatras, como no caso do bezerro de ouro na saída do Egito (Ex 32:1-35), a não se prostituírem, como aconteceu com as filhas de Sitim (Nm 25:1-9), a não tentarem ao Senhor, como aconteceu na murmuração do povo no deserto (Nm 21:5-9), e a não murmurarem, como foi visto na rebelião de Coré (Nm 16:1-50).

Ainda hoje é necessário enfatizar o olhar a partir da história em nossos “arraiais”. Mais do que nunca a Igreja Cristã precisa redescobrir quem ela realmente é, qual é a sua missão, porque e para que está no mundo. Também é mister que possa avaliar suas tendências atuais, e para isso precisa conhecer sua história, a fim de formar uma consciência crítica sobre si mesma. É muito mais fácil discutir as tendências eclesiológicas, missiológicas, litúrgicas e teológicas atuais, quando conhecemos a História do Cristianismo e a construção de seus referenciais. Por exemplo: é mais fácil entender e combater a tendência mercantilista existente nas igrejas de nossos dias, quando a bênção de Deus é vendida, ao entendermos que no passado a Igreja já enfrentou esse problema, quando da venda das indulgências, onde o perdão e a salvação eram comercializados.

É preciso entender que melhor do que aprender com os próprios erros é aprender com os erros dos outros. E a história nos ajuda quanto a isto. Quiçá o povo de Deus conhecesse mais e melhor a História do Cristianismo, do Protestantismo, dos Batistas e de nossas igrejas locais. É certo que muitos erros seriam evitados, e, provavelmente, mais acertos haveriam por parte de nossas igrejas, no cumprimento de sua missão. Certamente, determinadas ênfases seriam trocadas por aquilo que realmente é essencial e muita “picuinha” seria deixada de lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário