sábado, 7 de agosto de 2010

OS 493 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE

TEXTO BÍBLICO: Rm 1:17: “Pois nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: ‘o justo viverá pela fé. ’”

INTRODUÇÃO: Foi este o texto bíblico que falou profundamente ao coração de Lutero, em 1513. Apesar de ser religioso, Lutero não tinha certeza de sua salvação. Ao estudar a Bíblia, entretanto, e traduzí-la para o alemão, Lutero se deparou com a verdade que lhe trouxe respostas para todas as suas inquietações. Finalmente ele entendeu que o homem não é salvo pelas obras, mas pela graça, por meio da fé! Foi assim que experimentou a conversão e sua vida mudou radicalmente, tornando-o o principal protagonista da Reforma Protestante.

1) O QUE FOI A REFORMA PROTESTANTE ? No dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou 95 teses na porta da Igreja da cidade de Würtemberg, na Alemanha. Este é considerado o marco do início da Reforma, apesar de o ato de afixar as teses não ser extraordinário, pois era comum que debates teológicos começassem dessa forma.

O Conteúdo das noventa e cinco teses luteranas evidenciava que Lutero estava preocupado com alguns temas importantes, como a venda das indulgências, que havia se tornado uma prática constante na região de Würtemberg, através do trabalho do Cardeal Dominicano Johann Tetzel, que com o dinheiro arrecadado visava ajudar a construção da Basílica de São Pedro, em Roma; a imoralidade do clero, principalmente do alto clero, e também dos Papas dos séculos XV e XVI, sempre envolvidos em escândalos e orgias; os erros doutrinários da Igreja Católica, como a doutrina da salvação pelas obras, do purgatório, da igualdade de valor entre as tradições e a Bíblia, entre outros; e o ensinamento de que a autoridade do Papa e dos Concílios era inquestionável.

A Conseqüência imediata das 95 Teses foi uma reação feroz por parte da Igreja Católica Romana. Tal reação se deu através de debates, dietas e concílios. Em 1518, por exemplo, aconteceu o Debate de Heildelberg, onde Lutero foi convidado a discutir suas teses com os seus irmãos da Ordem Agostiniana. Alí ele recebeu apoio quanto às suas idéias. Ainda em 1518 ele debateu com o Mestre Gajetano, na Dieta de Augsburg, não tendo este argumentos para vencer Lutero. Em 1519 Lutero foi chamado a dar declarações no Concílio Geral, onde debateu com o Cardeal John Eck. Eck fez Lutero questionar a decisão do Concílio de Constança, que condenou Jan Huss à fogueira por haver defendido a superioridade da autoridade bíblica sobre a do Concílio. O resultado do Concílio Geral foi a decisão da retratação de Lutero.

Lutero, entretanto, não se retratou. Ao contrário, escreveu três livretos em 1520, onde questionava a Igreja Católica: O Apelo à Nobreza Germânica, onde questionava a hierarquia da igreja; O Cativeiro Babilônico da Igreja, onde questionava os sete sacramentos católicos; e Sobre a Liberdade do Homem Cristão, livro através do qual defendia o sacerdócio universal dos crentes.

A resultado de toda esta história foi imediato: Lutero foi excomengado pelo Papa Leão X, através da Bula Exurge Domini, em 1521. Como reação à sua excomunhão Lutero foi à praça pública e queimou a bula diante do povo alemão. Estava assim rompida a relação de Lutero com a Igreja Católica Romana. Surge então a Igreja Luterana. O termo “Protestante”, entretanto, só foi usado mais tarde, após a II Dieta de Speyer, realizada em 1529, quando o Rei Carlos V afirmou que “a única religião permitida na Alemanha era o Catolicismo”. Tal decisão provocou uma reação dos príncipes luteranos, que foram chamados de protestantes.

Bem, mas a Reforma não aconteceu somente na Alemanha, pois se espalhou por vários outros países. Houve Reforma na Suiça, onde surgiram movimentos como os de Zwinglio, dos Anabatistas e dos Calvinistas; na Inglaterra, onde houve o surgimento da Igreja Anglicana; na França, onde aconteceu a Reforma dos Huguenotes, que foram massacrados na Noite de São Bartolomeu; na Escócia, onde John Knox liderou os protestantes; na Holanda, onde surgiram os Menonitas, descendentes diretos dos Anabatistas suiços. Talvez fique, entretanto, a pergunta no ar: e quanto a nós Batistas, como surgimos ? Os Batistas surgiram por influência direta dos Calvinistas ingleses (Puritanos), num movimento chamado Separatista. Os líderes desse movimentos foram expulsos da Inglaterra, indo buscar refúgio na Holanda, onde mantiveram contato com os Anabatistas. Na volta para a Inglaterra, em 1612, um desses líderes, chamado Thomas Hellwys, fundou a Primeira Igreja Batista, perto da cidade de Londres.

2) AS ÊNFASES DA REFORMA PROTESTANTE – Vimos acima o processo histórico da Reforma. Se pudermos em poucas palavras dizer o que tal movimento representou, poderíamos afirmar que, através da Reforma, o Cristianismo pôde voltar às suas origens, aos ensinamentos bíblicos, à essência do Evangelho de Jesus Cristo, abadonando as tradições latinas e medievais. Quais foram, entretanto, as ênfases da Reforma ?

Em sua primeira fase (Luterana e Calvinista), foram: 1)A Bíblia como única regra de fé e prática (sola scriptura); 2) A Doutrina da Graça (sola gratia); 3) A Doutrina da Fé Salvadora (sola fide); 4) A Doutrina da Salvação Apenas em Cristo (sola Christus); 5) O Sacerdócio Universal do Crente; 6) A Negação da “Transubstanciação” na Ceia do Senhor e 7) A Reforma Sempre Reformada (melhoramento constante do crente e da igreja). Em sua segunda fase (Igrejas Livres), foram: 8) O Batismo Apenas dos Salvos (adultos e convertidos); 9) A Separação entre Igreja e Estado; 10) A Autonomia da Igreja Local; e 11) O Principio Democrático da Administração da igreja.

Estas idéias marcaram toda a história posterior do protestantismo. Em maior ou menor grau nossas igrejas mantêm ainda hoje tais influências.

3) AS CONSEQUÊNCIAS DA REFORMA PROTESTANTE- Foram muitas as consequências da Reforma. Eis algumas delas:

3.1 A luta contra os erros doutrinários e as práticas do Catolicismo, como por exemplo a estrutura hierárquica da Igreja, o poder absoluto dos Papas e dos Concílios, as indulgências, a imoralidade do clero, a venda de salvação, a religiosidade externa e ritual (ex-opere-operatum), a simonia, o nepotismo, a religião de crendices, idolatria e imagens, o tradicionalismo, a salvação pelas obras, a penitências para o perdão de pecados, a confissão auricular de pecados aos padres, a intercessão dos santos e a mediação de Maria.

3.2 A Reforma forçou a Igreja católica a tentar corrigir seus erros. Isso foi buscado através do Concílio de Trento. O que se conseguiu, entretanto, foi apenas gerar mudanças na igreja quanto à moralidade. Nas áreas doutrinário-teológica, tal concílio reafirmou os dogmas da igreja contra o protestantismo, através da Teologia Tomista. Além disso, para reagir ao protestatismo foram criados a Santa Inquisição e o Index, e usada a Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas).

3.3 Mas, com certeza a maior contribuição da Reforma foi que ela trouxe o Cristianismo de volta à Bíblia, superando a tradição medieval, reapresentando a idéia de que o homem é salvo pela graça, por meio da fé. Assim, a partir da Reforma voltamos à idéia bíblica de que o homem pode experimentar a salvação e ter certeza dela. Além disso, voltamos a ensinar que a fé cristã deve ser pregada aos homens para que se arrependam de seus pecados e se convertam a Deus, confessando Jesus Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas.

CONCLUSÃO - As marcas que a Reforma nos legou após estes 493 anos são visíveis. Somos gratos pela vida desse homens e mulheres corajosos que enfrentaram a heteronomia católica, muitos dos quais morreram pelas verdades bíblicas. Que nós possamos valorizar tais verdades e que reconheçamos a providência de Deus na história, interferindo na realidade humana, conduzindo-nos à consumação de sua vontade !

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