sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A RESSURREIÇÃO DA CRÍTICA

"Quem esconde a verdade causa problemas,
mas quem critica com franqueza trabalha pela paz."
(Pv 10:12)

A crítica é uma faculdade da razão, portanto, atitude comum aos seres humanos, ditos racionais. Por mais que se tente inibí-la ou destruí-la, através de argumentos, ideologias ou condicionamentos, tal atitude será sempre frustrada, pois a crítica não pode ser reprimida por muito tempo, logo explodirá.

Vive-se momento em que a crítica está em baixa. A atitude "politicamente correta" nessa conjuntura é aceitar tudo como está, sem avaliar, sem questionar, concordando com tudo através da autoridade. Querem que sejamos cordatos, cooperadores, apoiando uma sinergia nefasta e castradora. Mas, como um cristão pode apoiar a injustiça e o autoritarismo? Como pode concordar com um sistema incompetente e com a busca de meros interesses pessoais? Como aceitar a simonia e o nepotismo em pleno Século XX? Como deixar de ver que as pessoas se utilizam da autoridade e da posição para não prestarem contas de atitudes e responsabilidades? Como se calar, enquanto a consciência grita: "está errado", "não é justo"!

Querem nos castrar de um dos maiores direitos que todo homem possui: o de pensar! Pensar dói, mas é necessário! Não aceitaremos que pensem por nós! Não aceitaremos que nos digam o que pensar! Não aceitaremos qualquer inibição ou coação! Somos críticos, graças a Deus! E que Deus seja louvado, através do remanescente crítico que ainda não se entregou à imbecilização generalizada em nosso meio.

Apesar de muitos concordarem, nós cristãos não somos imbecís. Não somos cidadãos alienados, como diria Marx, não somos rebanhos sem iniciativa, como diria Nietzsche, não somos seres fragilizados pelo amor, como diria Fromm. Somos humanos em toda a sua plenitude, inclusive quando nos sentimos violentados pelo abuso de poder e pelo cinismo que reina nesse contexto. É por esse motivo que afirmamos: "ressucitemos a crítica!"

Sejamos, pois, críticos como o foi o nosso Mestre. Ele não fechou os olhos diante das arbitrariedades existentes no mundo de sua época. Não se calou diante da injustiça, mas denunciou o sistema que a produzia. Ele foi um formador de opinião, um agente de tranformação... um exemplo para nós que vivemos numa época em que as pessoas conseguem ver, no máximo, o próprio umbigo.

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