sexta-feira, 6 de agosto de 2010

UMA ANÁLISE DE CONJUNTURA

Segundo analistas da realidade mundial e brasileira, nossa sociedade atual possui características bastante peculiares:

Vive-se em tempos marcados pela morte das utopias, dos sonhos e de esperanças. O homem do nosso tempo não prestigia mais o passado, nem tampouco o futuro. Não se interessa pela história, nem acredita nos ideais a serem construídos. Não é um sonhador romântico, nem um existencialista desesperado: tornou-se pessimista e fatalista, um cínico que ri de sua própria desgraça. A atual humanidade é escrava do tempo presente, "prisioneira do presente", não tendo passado, nem futuro.

Por falta de perspectivas, a humanidade vem se entregando ao prazer, tornando-se hedonista. A compulsão por sexo, drogas, jogos, bebidas, comidas e o consumismo são alguns dos principais mecanismos utilizados pelas pessoas para alcançar um estado de vida prazeroso. A distância entre o prazer e o desespero, entretanto, é mínima, o que torna tais práticas marcadas pela obsessão.

Experimenta-se hoje a inexistência de paradigmas. No mundo atual não existem mais modelos a serem observados. O Nihiilismo veio para ficar e relativizou todos os conceitos, todos os valores e todas as verdades. Hoje só existe um único absoluto: o de não existir absolutos. O homem se sente assim num grande vazio, sem referenciais.

Apesar de se falar tanto em espiritualidade, a vida hodierna ainda é marcada pelo materialismo. O homem de hoje se preocupa mais com o ter do que com ser, mais com o material do que com o espiritual, mais com o exterior do que com o interior. Tal ênfase, geralmente, conduz a sociedade à superficialidade e à falta de profundidade.

O pluralismo é uma característica que evoca o individualismo e a banalidade das escolhas. A sociedade pluralista é vista como um “grande supermercado”, onde a todo o momento as pessoas são levadas a fazer escolhas. Assim, coisas são escolhidas e idéias são trocadas, como se tudo fosse descartável.

A privatização como modelo de vida é marcante na atualidade. As pessoas abrem mão da coletividade e optam pelo individualismo, Em nossos dias cada vez menos se fala de projetos coletivos, de alteridade, de interesse pela causa do próximo.

As relações superficiais e interesseiras são notórias na atual conjuntura. Por isso os relacionamentos se desfazem com tanta rapidez e facilidade. Este é o tempo da “cultura da deserção”, onde ninguém quer mais pagar o preço de investir nas instituições às quais faz parte, inclusive no casamento e na família. As primeiras dificuldades produzem desarmonia e desagregação.

Já não se houve falar tanto de ateísmo nos dias de hoje, mas fala-se muito de secularização. Deus não está morto para o homem, mas já não é considerado por ele. Apesar de falar de Deus, O ser humano vive, pensa e age como se Deus não existisse, produzindo o chamado ateísmo prático, presente inclusive nas igrejas.

Cresce a cada dia o Fundamentalismo religioso, seja ele islâmico, judaico ou cristão, e com isso há um retorno à religião desprovida de reflexão teológica, marcada pela intolerância e pelo exclusivismo religioso. No fundamentalismo ocorre a união entre o político e o religioso, união esta geralmente explosiva e catastrófica, como se tem observado na crise entre judeus e muçulmanos, no Oriente Médio.

Fala-se da existência de uma sociedade global, marcada pela tentativa de uniformização econômica, política, cultural e lingüística. Nações e grupos econômicos hegemônicos se levantam com o intuito de dominar o mercado, os meio de produção e o capital especulativo. Tal situação tem gerado instabilidade econômica e a “quebra” de empresas e até de nações.

Embora se fale tanto de paz, vivemos a iminência de guerras, tais como: EUA X Iraque, EUA X Coréia do Norte, EUA X Terrorismo/Bin Laden/Al Caeda. Os “Xerifes do Mundo” se levantaram, obrigando as nações a cumprirem regras que eles não cumprem, prometendo retaliações às nações não alinhadas, por causa da ocidentalidade e da fé e cultura cristãs, mas interessados mesmo no petróleo e nas riquezas de seus desafetos. Nos EUA, bilhões de dólares são gastos em armamento, debaixo de pressões da indústria bélica, enquanto poderiam ser investidos na saúde, alimentação e educação dos países pobres.

O mundo sofre suas maiores crises ecológicas: petróleo derramado nos mares, destruição de florestas, cidades poluídas, água contaminada. Reuniões mundiais são realizadas para traçar planos que possibilitem a reversão de tal situação, ou ao menos a diminuição da depredação do ecossistema. Infelizmente, algumas das nações mais ricas e que mais destruição causam ao ecossistema cobram medidas dos países pobres, enquanto elas mesmas pouco fazem para reverter tal situação.

Violência e corrupção se espalham por todos os lugares. No Rio de Janeiro fala-se de um governo paralelo do tráfico de drogas, que consegue fechar o comércio da cidade e derrubar muros de prisões de segurança máxima. Em São Paulo o narcotráfico se utiliza de helicópteros para resgatar presos do cárcere. Nas grandes cidades brasileiras, homens e mulheres comuns são perseguidos e mortos, famílias são expulsas das favelas pelo tráfico, jornalistas são trucidados e denúncias envolvem policiais, juízes, parlamentares e governantes em planos de corrupção.

A família por sua vez se desestrutura. Os divórcios são inumeráveis. As crises familiares são a cada dia maiores. Fala-se de idosos esquecidos e marginalizados, de pais que violentam filhos, de filhos que matam pais, de maridos e esposas que competem pelo poder em casa e pelo mercado de trabalho fora de casa.

A indústria do sexo se avoluma. A pornografia cresce nas bancas, nas videolocadoras e na internet. Pedofilia, bestialismo e aberrações sexuais se tornam manchetes comuns nos jornais, revistas e televisão. O turismo sexual cresce, apesar das leis severas existentes a respeito. Jovens e adolescentes cada vez mais cedo abrem mão de sua pureza e o número de crianças geradas sem responsabilidade aumenta assustadoramente. Castidade, virgindade e pureza sexual são palavras anacrônicas e práticas muitas vezes desconhecidas na sociedade.

O que se pode dizer de tal realidade? O que as igrejas Cristãs têm a ver com tal situação? Talvez tal análise de conjuntura seja importante neste momento em que se deseja pensar sobre a “fidelidade da igreja” e sua “contextualização no mundo de hoje”.

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