segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DESAFIOS PARA UM MINISTÉRIO TRANSFORMADOR

Existindo no contexto chamado por Z. Bauman de “Modernidade Líquida”, a igreja contemporânea é poderosamente influenciada por idéias e práticas como o relativismo, a pluralidade, o fundamentalismo, a deserção, o pessimismo, o cinismo, a falta de paradigmas e de esperanças, o misticismo, a espiritualidade telúrica, o materialismo, o mercantilismo, a falta de ideais, a saturação da informação e a superficialidade existencial. Idéias e práticas contraditórias, mas que fazem parte da mesma estrutura do mundo pós-moderno. Esta realidade apresenta vários desafios à igreja e ao ministro que busca desenvolver um ministério relevante e transformador no mundo contemporâneo.

Devido às tendências fundamentalistas, é preciso ser tolerante e desenvolver uma atitude mais dialógica para com o outro, sem demonizar o diferente, e sem ao mesmo tempo perder as convicções teológicas e bíblicas. Uma boa estratégia a ser utilizada é a chamada “ação comunicativa" (J. Habermas), que permite abertura ao diálogo, inclusive ao diálogo inter-religioso.

Em função da pluralidade, um segundo desafio pastoral é evangelizar, apresentando a mensagem de salvação biblicamente fundamentada, sem anular a cosmovisão atual, entendendo que o Evangelho não pode ser etnocêntrico, mas precisa respeitar determinados elementos culturais e contextuais que, por serem diferentes, não significam errados ou inaceitáveis. Como ensinou P. Tillich através do Método da Correlação, é necessário apresentar respostas teológicas aos questionamentos feitos pelo homem em cada contexto histórico-cultural.

Por causa do grande desenvolvimento científico e tecnológico, um terceiro desafio é usar a tecnologia, especialmente os recursos midiáticos, em favor do ministério, da igreja e do Reino. O sistema de comunicação de massa tem aberto inúmeras portas ao Evangelho que não devem ser desprezadas, pois são importantes recursos que auxiliam a pregação da mensagem bíblica e que podem ajudar nos relacionamentos entre as pessoas, especialmente quando se observa a relevância das conexões interpessoais. Como a evangelização está diretamente ligada ao desenvolvimento de relacionamentos, a mídia não pode e não deve ser dispensada.

Diante dos inúmeros discursos apresentados em nossa realidade, um outro desafio é pregar a Palavra de Deus com simplicidade, fidelidade, profundidade e objetividade, permitindo que sua relevância aflore, muito mais do que a ênfase nos sermões (piro)técnicos ou nas palestras motivacionais (auto-ajuda). Não se pode perder uma oportunidade sequer de anunciar o Evangelho, “porque é o poder de Deus para a salvação todo o que crê” (Rm 1:16).

Por causa do dualismo pós-moderno, é necessário desenvolver um modelo de espiritualidade que una a vida piedosa e santa ao compromisso social de transformar a realidade marcada pela injustiça. A perspectiva diaconal é imprescindível para que esta síntese seja possível. Nenhum dos extremos referentes a esta postura é salutar: nem espiritualizar tudo, nem materializar todas as coisas. O dualismo que persegue a igreja desde a antiguidade precisa ser superado.

Devido à ênfase na cultura pop, o pastor contemporâneo deve incentivar a igreja a desenvolver um culto cristocêntrico, evitando a visão do culto como entretenimento, como show, evento teatralizado, sem substância, destituído de conteúdo. A experiência litúrgica deve ser celebrativa, mas também marcada pela contrição, deve ser comemorativa, mas também transformadora, precisa ser estética, mas também voltada para a esfera ética, social e política (no bom sentido da expressão).

Por causa das relações utilitárias e superficiais, do individualismo e da privatização, um ministério relevante e transformador deve ser baseado no desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, construtivos e significativos. Portanto, o aspecto comunal precisa ser ressaltado, dando a cada cristão o sentimento de pertencimento a uma comunidade de fé, onde é amparado quando necessário, exortado, corrigido e estimulado a seguir Jesus Cristo, onde as forças são unidas para potencializar o serviço cristão.

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