segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MINISTÉRIOS GUIADOS PELA TEOLOGIA PRÁTICA

Uma das críticas formuladas à igreja contemporânea é a de falta de relevância. Tal juízo é formado a partir da letargia e inoperância de muitas igrejas quanto ao cumprimento de sua missão. Fala-se muito de desvios de finalidade, de propósito da igreja hodierna, onde a mesma tem discutido muita teoria e produzido pouca prática. Aliás, desde o século passado a igreja sofre pressões dessa natureza. No livro A Queda, o pensador existencialista francês Albert Camus alerta para o fato que, enquanto a igreja faz elucubrações, as pessoas estão se perdendo, o que tornaria a igreja uma instituição ineficiente, e, por conseqüência, irrelevante.

É constatável que em essência, o ensino apresentado por Jesus Cristo não é meramente teórico, embora seja dotado de sérias reflexões, que fogem em muito ao senso comum. Vê-se na teologia do Mestre elementos práticos que apontam para o fato de que o Senhor estava realmente interessado em trazer orientações concretas para a humanidade. Discussões a respeito do “sexo dos anjos” não eram de seu interesse. Apontar, entretanto, com clareza o caminho para uma vida plena e abundante, regenerada e restaurada pelo poder de Deus, era seu objetivo.

A igreja do Século XXI precisa desenvolver, à luz do ensino de Jesus, uma ação ministerial efetiva no mundo marcada por uma teologia prática. Ela não deve abandonar a teorização, mas deve priorizar a prática e não a especulação. Por este motivo pode-se falar de ministérios eclesiásticos guiados pela Teologia prática.

Desenvolver ministérios cristãos caracterizados pela Teologia Prática é fazer teologia com os pés no chão, reconhecendo a dimensão escatológica da igreja atual, marcada pelo sofrimento inerente ao mundo no atual contexto histórico. Isso requer da igreja a superação da visão eclesiástica triunfalista que impera em muitos “arraiais evangélicos”, bem como da visão ingênua de um mundo bom, predisposto ao desenvolvimento, ao progresso, e à superação das contradições da existência e da condição pecaminosa. Por isso, é indispensável compreender que a razão de ser da igreja no mundo é apresentar e viver o plano salvífico de Deus para a humanidade, engajando-se no projeto divino de transformação deste mundo (Rm 12:1,2).

Além disso, é desenvolver ministérios através de um serviço baseado numa visão integral da missão. O Evangelho, portanto, deve atingir o homem e o mundo em sua integralidade, agindo sobre aspectos espirituais, psicológicos, sociais, naturais e estruturais. A igreja deve pregar e viver o Evangelho todo, para atingir o homem todo e o mundo todo (Pacto de Lausanne). O foco da ação da igreja deve estar sobre o homem, sobre “os povos, tribos e raças”, sobre a natureza e sobre o universo. A redenção proposta por Cristo não é apenas antropológica, mas cosmológica. Toda a Criação, que hoje geme debaixo do poder do pecado, há de ser redimida por Cristo!

Concretamente, isso quer dizer que a igreja deve ser desafiada a desenvolver um Ministério Querigmático que seja menos especulativo, menos antropocêntrico e auto-ajudador, e mais bibliocêntrico, cristocêntrico e transformador, um Ministério Evangelístico-Missionário que efetivamente se ocupe de encaminhar estratégias capazes de resgatar aqueles que estão nas trevas do pecado, um Ministério de Pedagógico que seja desenvolvido numa perspectiva discipuladora e multiplicadora, em que cada cristão, preparado para servir, “reproduza” novos cristãos, um Ministério de Louvor e Adoração que não apenas apresente programas, shows e entretenimento, mas conduza o povo de Deus efetivamente à adoração, um Ministério de Diaconia (Ação Social) que seja levado a sério, não apenas através do assistencialismo, mas de ações efetivas de transformação da condição humana, das estruturas e conjunturas sociais.

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